sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Eu, você e todos nós

(me and you and everyone we know) - Miranda July (2005)



As pessoas são esquisitas, são mesmo. Gostei muito desse filme por se limitar a mostrar esse lado esquisito de absolutamente todos os personagens e a dificuldade que eles (como todas as pessoas) encontram para se relacionar uns com os outros. Acabei até ficando meio curiosa pra saber mais sobre a diretora, Miranda July, que atua como protagonista do filme e que me pareceu ser uma dessas pessoas que não consegue evitar transportar toda sua falta de traquejo da vida pessoal pro trabalho e, pelo que consegui ler sobre ela, no blog que ela própria mantém e em outros sites, só consegui pensar que ela deu mesmo sorte de conseguir trabalhar em uma área que valoriza exatamente o antissocial (o charme de não conseguir se relacionar é bem reconhecido em Cannes, parece). Me identifiquei com a maneira meio sem jeito com que ela se comporta e com suas ideias também, tudo isso se somando ao fato de ela não ser muito bonita; a sociedade não permite que pessoas bonitas sejam esquisitas (talvez por uma limitada oferta genética de talento ou simplesmente porque as pessoas não aceitam que alguém precise se esforçar para alcançar o sucesso enquanto pode se dedicar apenas a: ser bonito).
Enfim, pessoas esquisitas, situações esquisitas e diálogos esquisitos em cenas repletas de pessoas comuns, montadas no intuitos de moldarem uma situação comum e com diálogos interpretados com palavras comuns, é disso que o filme trata, acho que para mostrar um pouco como o "esquisito" consegue corromper todas as esferas, tanto as concretas quanto as metafísicas, as coisas comuns quase não existem. As coisas comuns, caso sejam vistas apenas como comuns, deixam de fazer sentido. A maioria das coisas só começa a fazer algum sentido quando se adiciona o elemento do "esquisito" (algumas pessoas podem deixar de entender a partir daí), e é aí também que surge a maior dificuldade das pessoas de entenderem umas as outras, nunca se sabe o que alguém vai considerar comum ou esquisito e nem o que essa pessoa toma como positivo e como negativo (eu estou tendendo a considerar mais o comum como negativo, só pra constar), as relações já começam estragadas, todo mundo é esquisito ao mesmo tempo que todo mundo se acha comum demais, acho que Miranda July conseguiu captar melhor do que ninguém esse conceito tão complicado, um dos melhores filmes que vi esse ano!

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